Um grão de semente contém em si os princípios de uma dupla viagem: da raíz que se fundamenta na terra, do tronco que conquista o céu. Uma mão sobre uma folha de papel vazia procura o encontro nesses espaços em branco...

quinta-feira, 29 de abril de 2010

A viagem de Raúl

Raúl queria viajar.
Escolheu um comboio e embarcou para um lado qualquer.
Viu sonhos e campos de trigo.

Depois saiu no primeiro apeadeiro quando viu o revisor chegar.
Tinha de fugir ... (também já estava farto de ali estar)

Pelo caminho encontrou um gato.
- Onde vais? - perguntou-lhe.
- Não sei. Queria ir mais além mas não sei como lá chegar. Queres vir comigo?
- Não! Ando atrás de um sonho de gaivota.

Mais à frente cruzou-se com uma velha.
- Porque me olhas?
- Não sei. Estou curioso com as tuas rugas.

Andou mais um pouco mas doíam-lhe as pernas e queria descansar.
"E se apanhasse novamente o comboio? Ou se desta vez fosse pelas nuvens?"

Lá no alto encontrou um pássaro azul
- Como consegues voar?
- Não sei... deram-me estas asas e subi para aqui.

(...)
Comecei esta história quando me quis desaborrecer de um momento chato. É portanto uma história inacabada porque interminável.

4 comentários:

Aquarela disse...

Muito bem Rui... adorei.

sugestão: porque não convidares os teus visitantes a continuar a história?

bjs
claudia

matrioshka disse...

muito alice! continua...

cristina disse...

uma fuga completa, mas sem fim :-) como se quer tudo que é bom ;-)
(só foi pena a história não ter passado em directo ;-))
beijos

Ana Magalhães disse...

Uma pessoa com talento e reservada, normalmente, refugia-se na escrita. Tentar desprender-se um pouco e permitir o acesso do Outro à sua alma, impedia esta fuga.