Um grão de semente contém em si os princípios de uma dupla viagem: da raíz que se fundamenta na terra, do tronco que conquista o céu. Uma mão sobre uma folha de papel vazia procura o encontro nesses espaços em branco...

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

História de um jantar [como a confiança se pode traduzir numa grande lata]


Já éramos vizinhos sem nos conhecermos. Depois fomos colegas de trabalho. Depois construimos uma amizade daquelas em que se dá a chave de casa para vir cá, primeiro, tratar do gato-tigre André, segundo, para vir regar as plantas,

Ao fim de tantos era mais do que merecido um jantar. Compras de última hora, ok são 18 euros e qualquer coisa, ok as coisas têm de ficar cá porque a carteira ficou no trabalho.

Cancela-se jantar? Não me parece. Tenta-se  levantar dinheiro com a caderneta a desuso há anos e sem me lembrar do código enquanto a máquina actualiza 89 movimentos.

Solução? Ok, liga-se à convidada Cristina e pede-se dinheiro. Caramba! Afinal ela até está no café ao lado do supermercado.

(No entretanto, pensa-se sugerir ao senhor Jerónimo Martins que ressuscite o livro de fiado: respeito de quem vende por quem tem dificuldades, lealdade de quem compra e se compromete a regularizar a situação logo que se possa. Não é isto também confiança?).

Voltando à história e à pressa a casa para à hora marcada estar tudo mais ou menos comme il faut.  Só podia entrar com o NIB para lhe fazer a transferência mas passou-me a rasteira de aparecer quando a massa começava a cozer.

Pelo meio ainda deu tempo para o Hallelujah de  Haendel na versão dos Malibu Monks
(se forem ouvir passem logo para o minuto 2:04)

Claro que a amizade prossegue. E é tudo muito bonito e muito azul e cor-de rosa e blá blá blá.... Mass é preciso ter um grande descaramento e não ter vergonha na cara para obrigar a convidada a financiar o jantar.