Um grão de semente contém em si os princípios de uma dupla viagem: da raíz que se fundamenta na terra, do tronco que conquista o céu. Uma mão sobre uma folha de papel vazia procura o encontro nesses espaços em branco...

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Hoje sinto-me nu [ensaio sobre poesia #2]



Houve em mim qualquer coisa que se quebrou

A chuva caía ainda mais forte

E eu já não te ouvia.


Hoje sinto-me nu

domingo, 21 de novembro de 2010

A localidade conhecida por Soutocico ...


A localidade, actualmente conhecida por Soutocico, aparece na documentação dos séculos XV a XVII, com diferentes grafias: Souto ssico (1431) Souto Syquo e Souto Cico (1527), Souto Siquo (1580), Souto Sico (1657) e Soutosico (1758). O topónimo Soutocico vem, pois das palavras latinas SAltus > Sauto, que significa castanhal ou mata de castanheiros e siccus>sico, adjectivo que significa seco. Não parece haver dúvidas, portanto que esta localidade deriva de uma designação latina , ainda mais antiga, que hoje diríamos Souto Seco, isto é, um castanhal que, por motivo desconhecido, secou.

Nesse recenseamento [de 1527 por mandato de D. João III] está referenciada a aldeia de Soutocico e Casal da Porqueira com 22 fogos que foram crescendo até cerca dos princípios do Século XVII, o que, de acordo com as leis canónicas, justificava plenamente que os habitantes do Soutocico fizessem o pedido para construção de uma ermida, invocando São João Baptista como patrono.

Curiosamente, os maiores festejos que ali se realizam são em honra do Senhor dos Aflitos, um segundo patrono do povo, que possivelmente terá sido invocado mais tarde mas de que não se reconhecem registos.


quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Queria ir almoçar [non-sense #2]

Porque me sinto tão só? As asas estão cá, tenho forças quando quero. Terei mesmo? Queria fugir mas as asas estão presas. Porque me puseram em cima desta mesa?

Queria ir almoçar! Assim sempre me distraía.

Desaborreço-me de tudo. Não me identifico.

Já sei. Limpo as sapatilhas. Não sei porque me dá para comprar calçado claro. Sei sempre que depois terei problemas. Esfrego-as bem com a escova.

O raio da velha não me vai incomodar. Nem sei porque me fui lembrar dela.

Quem falou em ser livre?

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

De onde nos conhecemos?

Quando sopramos todos juntos
– com a força de dentro do coração –
há algo que se une em nós,
há um maestro que nos ensina,
há um tom que só nós conseguimos dar,
há uma música que acaba por se compor


De onde nos conhecemos?

Ao cima daquela pequena escadaria, uma capela. Bem contígua ao adro a velha sala de ensaios na nossa primeira casa da música.

Live from Soutocico the concert that we all be waiting for

Várias crianças brincam ao «Papá/Mamã dá licença». Ela e ele preferem jogar à apanhada.

Um coelho a tentar corrigir a dentição salta por ali fora. Não, não é o da Alice.

- Queres tocar trombone? Eu vou para clarinete.
- E eu já não sei solfejo! Quem me ensina novamente?

Semínimas, colcheias e fusas agrupam-se numa pauta.
Olhem … o rapaz já sabe conduzir orquestras.

Queres dar-me a mão?
Ele chama-se Filipe
Ela chama-se Mariana.

E é dali, daquele adro da capela – onde hoje os sinos rebatem em alegria por eles – que nos conhecemos.

Última chamada para o voo MLB 1504
Com destino à Felicidade Por Explorar
Boa viagem!


(nota: devia ter partilhado este texto na altura em que o escrevi para celebrar o casamento da Mariana e do Filipe. Como não fiz. partilho hoje.. o primeiro aniversário da Mariana como senhora casada!!)