Partiu a minha avó Teresa ...
Na despedida de um amigo comum, Vasco Pinto Magalhães, sj., referiu que quando alguém próximo falecia era um anjo que ganhávamos no céu e por isso tinhamos de dar graça.
Não me recordo de ser muito próximo desta minha avó. Mas nos últimos anos ela questionava-me muito sobre o facto de, por vezes, nos darmos tanto a outras pessoas esquecendo-nos das que nos são familiares. Por isso - e porque o amor também se aprende! - obriguei-me a visitá-la: primeiro passeávamos de cadeira de rodas; quando já não havia essa possibilidade passámos a conversar na cadeira de salão, aprendendo a gostar dessas nossas conversas repetitivas sobre o mesmo; depois, quando já não havia conversa e nem reconhecimento da minha pessoa, apercebi-me do calor das nossas mãos dadas; depois, quando já não havia calor aprendi a gostar de lhe afagar o cabelo e de permanecermos em silêncio. E quando a serenidade eterna a invadiu adivinhei-lhe um encontro tranquilo com o meu avô.
E eu cá fiquei no envolvimento daqueles enormes braços. Talvez seja verdade essa história dos anjos ...
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