Um grão de semente contém em si os princípios de uma dupla viagem: da raíz que se fundamenta na terra, do tronco que conquista o céu. Uma mão sobre uma folha de papel vazia procura o encontro nesses espaços em branco...

terça-feira, 14 de outubro de 2014

Tu não és velha! És Vintage



Há um encontro entre dois lutadores pela liberdade numa prisão, depois numa casa na Costa do Castelo, depois num baile do Mercado da Ribeira, depois numa urna de cinzas. Porque é um encontro de uma vida.

Há um encontro com um país em protesto e afinal ainda em resistência: «Mãe, tu já és velha para andares nestas coisas. Há um encontro com o egoísmo e a ganância: «Mas porque é que a tua mãe não morre como toda a gente?!»

Há o encontro com os gatos! Os que pululam nos telhados e de quem só vamos ouvindo os miados. E com os que, abandonados, rejeitados e destruídos pela própria família, procuram escapar à vertigem negativa em que a vida os colocou relembrando os resquícios de honestidade que ainda mantêm:«Não me pode dar o caderno, porque se não eu não volto».

Há o encontro com o destino clandestino do fado na voz de Ana Moura. Há o encontro [homenagem] com o cinema português: com Joaquim Leitão e Tino Navarro que surgem fugazmente; com o habitual cameo de António-Pedro Vasconcelos; com a estreia enérgica de João Jesus e com o papel brilhantemente sereno de Maria do Céu Guerra. 

E há o encontro vitorioso sobre a solidão: «Tu voltas, porque de todos os terraços de Lisboa e do mundo, tu foste escolher o meu”.



Sem comentários: