Há um encontro entre dois lutadores pela liberdade numa
prisão, depois numa casa na Costa do Castelo, depois num baile do Mercado da Ribeira,
depois numa urna de cinzas. Porque é um encontro de uma vida.
Há um encontro com um país em protesto e afinal ainda em
resistência: «Mãe, tu já és velha para andares nestas coisas. Há um encontro
com o egoísmo e a ganância: «Mas porque é que a tua mãe não morre como toda a
gente?!»
Há o encontro com os gatos! Os que pululam nos telhados e de
quem só vamos ouvindo os miados. E com os que, abandonados, rejeitados e
destruídos pela própria família, procuram escapar à vertigem negativa em que a
vida os colocou relembrando os resquícios de honestidade que ainda mantêm:«Não
me pode dar o caderno, porque se não eu não volto».
Há o encontro com o destino clandestino do fado na voz de Ana Moura. Há o encontro [homenagem] com o cinema português: com
Joaquim Leitão e Tino Navarro que surgem fugazmente; com
o habitual cameo de António-Pedro Vasconcelos;
com a estreia enérgica de João Jesus e com o papel brilhantemente sereno de Maria
do Céu Guerra.
E há o encontro vitorioso sobre a solidão: «Tu voltas, porque
de todos os terraços de Lisboa e do mundo, tu foste escolher o meu”.
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