Pela dificuldade de ir ver, neste Natal, um ao vivo acabei por ir ver este filme-concerto. Algures, no início, diz-se que o que se vai contar é baseado numa história verídica. E que bom é quando o cinema nos conta histórias assim de busca do sonho e auto-superação com humor e dramatismo bem doseados.
E começa aí a viagem e aventura. Reticências e dúvidas no início mas sobretudo desejo de novidade leva a maioria a abarcar nessa Argo que os levará de uma Moscovo confusa – entre um novo-riquismo mafioso e um saudosismo comunista que teima em permanecer – à mítica Paris. Bem filmada pelo romeno Radu Mihaileanu esta comédia de desenganos: o francês macarrónico do antigo-inimigo-KGB-transformado-em-novo-agente; as exigências desactualizadas do lado russo; o cumprimento das informalidades de embarque através do esquema ‘tenha agora mesmo um visto e um passaporte aqui no aeroporto; as confusões na chegada a Paris; a fuga dos músicos que adivinharam, talvez, nessa viagem uma hipótese de fuga da Mãe-Rússia…
Mas há depois a obsessão por Tchaikovski ( e o magnifico Concerto para D Major, op 35); há a elevação da perfeição contida numa nota só. Foi por isso que maestro lutou ao lado dos seus amigos judeus. Defronta agora o passado pela mão da virtuosa Anne-Marie Jacquet (Mélanie Laurent)…E depois de um início desastroso, a catarse dá-se com a orquestra e solista a atingirem a harmonia absoluta, a tal pela qual vale a pena lutar…
E mesmo que seja tudo tão mirabolante (como consegue um bando de músicos antigos, sem ensaios, com instrumentos novos tocar tão bem?!) é bom haver ainda numa época marcada pelo excesso de informação, histórias que remetem para o campo onírico da realidade onde os sonhos se concretizam.
1 comentário:
certíssimo, Rui Lopes, coisa boa ;-)
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