terça-feira, 14 de outubro de 2014
Tu não és velha! És Vintage
sexta-feira, 3 de janeiro de 2014
A noite escura da escravatura
segunda-feira, 12 de agosto de 2013
Das mãos de deus tudo aceito, mas que morra em Portugal [Da Gaiola Dourada]
Conheço aquele retrato mais pelo lado final: o dos reencontros no Verão quando vinham de férias: a língua portuguesa salpicada de francesismos, as festas na aldeia, os casamentos, agora os baptizados.
terça-feira, 8 de maio de 2012
Fazer vida mesmo depois de uma certa idade [O Exótico Hotel Marigold]

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Um ano mais na vida como ela é...

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
Que sonhos Deus terá para nós?

Testament spirituel du frère Christian
S'il m'arrivait un jour - et ça pourrait être aujourd'hui -
D'être victime du terrorisme qui semble vouloir englober maintenant
Tous les étrangers vivant en Algérie,
J'aimerais que ma communauté, mon Eglise, ma famille,
Se souviennent que ma vie était DONNEE à Dieu et à ce pays.
Qu'ils acceptent que le Maître unique de toute vie
Ne saurait être étranger à ce départ brutal.
Qu'ils prient pour moi :
Comment serais-je trouvé digne d'une telle offrande ?
Qu'ils sachent associer cette mort à tant d'autres aussi violentes
Laissées dans l'indifférence de l'anonymat.
Ma vie n'a pas plus de prix qu'une autre.
Elle n'en a pas moins non plus.
En tout cas, elle n'a pas l'innocence de l'enfance.
J'ai suffisamment vécu pour me savoir complice du mal
Qui semble, hélas, prévaloir dans le monde,
Et même de celui- là qui me frapperait aveuglément.
J'aimerais, le moment venu, avoir ce laps de lucidité
Qui me permettrait de solliciter le pardon de Dieu
Et celui de mes frères en humanité,
En même temps que de pardonner de tout cour à qui m'aurait atteint.
Je ne saurais souhaiter une telle mort ;
Il me paraît important de le professer.
Je ne vois pas, en effet, comment je pourrais me réjouir
Que ce peuple que j'aime soit indistinctement accusé de mon meurtre.
C'est trop cher payé ce qu'on appellera, peut- être, la « grâce du martyre »
que de la devoir à un Algérien, quel qu'il soit,
Surtout s'il dit agir en fidélité à ce qu'il croit être l'islam.
Je sais le mépris dont on a pu entourer les Algériens pris globalement.
Je sais aussi les caricatures de l'islam qu'encourage un certain islamisme.
Il est trop facile de se donner bonne conscience
En identifiant cette voie religieuse avec les intégrismes de ses extrémistes.
L'Algérie et l'islam, pour moi, c'est autre chose, c'est un corps et une âme.
Je l'ai assez proclamé, je crois, au vu et au su de ce que j'en ai reçu,
Y retrouvant si souvent ce droit-fil conducteur de l'Évangile
Appris aux genoux de ma mère, ma toute première Eglise,
Précisément en Algérie, et, déjà, dans le respect des croyants musulmans.
Ma mort, évidemment, paraîtra donner raison à ceux qui m'ont rapidement
traité de naïf, ou d'idéaliste :
« Qu'il dise maintenant ce qu'il en pense ! »
Mais ceux-là doivent savoir que sera enfin libérée ma plus lancinante curiosité.
Voici que je pourrai, s'il plaît à Dieu, plonger mon regard dans celui du Père,
Pour contempler avec lui ses enfants de l'islam
Tels qu'il les voit, tout illuminés de la gloire du Christ,
Fruits de sa Passion, investis par le don de l'Esprit
Dont la joie secrète sera toujours d'établir la communion
Et de rétablir la ressemblance, en jouant avec les différences.
Cette vie perdue, totalement mienne, et totalement leur,
Je rends grâce à Dieu qui semble l'avoir voulue tout entière
Pour cette JOIE-là, envers et malgré tout.
Dans ce MERCI où tout est dit, désormais, de ma vie,
Je vous inclus bien sûr, amis d'hier et d'aujourd'hui,
Et vous, ô amis d'ici,
Aux côtés de ma mère et de mon père, de mes sours et de mes frères et des leurs,
Centuple accordé comme il était promis !
Et toi aussi, l'ami de la dernière minute, qui n'aura pas su ce que tu faisais.
Oui, pour toi aussi je le veux, ce MERCI, et cet « A-DIEU » envisagé de toi.
Et qu'il nous soit donné de nous retrouver, larrons heureux,
En paradis, s'il plaît à Dieu, notre Père à tous deux. AMEN !
Incha Allah !
Alger, l décembre 1993
Tibhirine. l janvier 1994
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
O meu Concerto de Natal (2010)
Pela dificuldade de ir ver, neste Natal, um ao vivo acabei por ir ver este filme-concerto. Algures, no início, diz-se que o que se vai contar é baseado numa história verídica. E que bom é quando o cinema nos conta histórias assim de busca do sonho e auto-superação com humor e dramatismo bem doseados.
E começa aí a viagem e aventura. Reticências e dúvidas no início mas sobretudo desejo de novidade leva a maioria a abarcar nessa Argo que os levará de uma Moscovo confusa – entre um novo-riquismo mafioso e um saudosismo comunista que teima em permanecer – à mítica Paris. Bem filmada pelo romeno Radu Mihaileanu esta comédia de desenganos: o francês macarrónico do antigo-inimigo-KGB-transformado-em-novo-agente; as exigências desactualizadas do lado russo; o cumprimento das informalidades de embarque através do esquema ‘tenha agora mesmo um visto e um passaporte aqui no aeroporto; as confusões na chegada a Paris; a fuga dos músicos que adivinharam, talvez, nessa viagem uma hipótese de fuga da Mãe-Rússia…
Mas há depois a obsessão por Tchaikovski ( e o magnifico Concerto para D Major, op 35); há a elevação da perfeição contida numa nota só. Foi por isso que maestro lutou ao lado dos seus amigos judeus. Defronta agora o passado pela mão da virtuosa Anne-Marie Jacquet (Mélanie Laurent)…E depois de um início desastroso, a catarse dá-se com a orquestra e solista a atingirem a harmonia absoluta, a tal pela qual vale a pena lutar…
E mesmo que seja tudo tão mirabolante (como consegue um bando de músicos antigos, sem ensaios, com instrumentos novos tocar tão bem?!) é bom haver ainda numa época marcada pelo excesso de informação, histórias que remetem para o campo onírico da realidade onde os sonhos se concretizam.
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Os miúdos ficarão bem....

Os miúdos estão bem? Aparentemente os problemas são os de todos. Nic (Annette Bening) é uma médica de sucesso, um pouco controladora por ser o garante financeiro da casa o que lhe faz pensar que pode ser ela a ditar as regras. Jules (Julianne Moore) é a mãe que abdicou da carreira profissional para ficar em casa a tratar dos filhos e que, após estarem criados, tenta retomar um trabalho com o que isso implica de nova adaptações no seio familiar. Joni (Mia Wasikowska) vive a apreensão própria de uma adolescente prestes a soltar as asas do ninho familiar com a ida para a universidade; Laser (Josh Hutcherson) é um miúdo de 15 anos, que preocupa as mães por causa do amigo rufia. É dele a (natural??) curiosidade de conhecer o pai biológico, Paul, (Mark Ruffalo), dono de um restaurante e solteirão.
Os miúdos estão bem? Estão. OU não!! Percebe-se que houve verdade sobre a forma como foram gerados, que nada lhes foi escondido durante a sua educação. Mas o conhecimento do pai …há uma mãe perturbada com a complexidade da sua sexualidade, há uma empatia com o bio-pai (???) por causa desse laço biológico mas uma confusão sobre como gerir a entrada dele nas suas vidas e se há mesmo vontade de fazer crescer essa relação. E há um homem atrapalhado com a descoberta de uma suposta família que não sendo sua, tenta, sem sucesso, resgatar para si.
Os miúdos estão bem? Sim. Sente-se que foram criados com amor, esse amor que acaba por vencer mal-entendidos e traições. E como Laser dirá…vocês já são muito velhas para se divorciarem…
Os miúdos estão bem? Sim. Cresceram numa família que tal como todas as outras não é perfeita nem normal porque a definição desses conceitos é muito flutuante….A questão que se poderá colocar é a de saber se temos o direito de experimentar novos tipos de relacionamento. Mas mesmo que alguns deles me causem alguns pruridos e bastantes interrogações, tenho de admitir que é isso que, enquanto sociedade, temos feito ao longo do tempo.
(Os Miúdos estão bem tem 4 nomeações para os Globos de Ouro – melhor filme musical ou comédia, melhor argumento, melhor actriz de comédia ou musical [Annette Bening e Julianne Moore]. A seguir o caminho que fará nos Óscares. O filme não deveria não ser considerado uma comédia …Annette Bening merece a nomeação para Actriz Principal).
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
RED Retired Extremely dangerous

RED é um daqueles filmes de puro entretenimento ganhando originalidade sobretudo por incluir no seu elenco actores/actrizes normalmente não associados a filmes de acção que RED supostamente também é.
Bruce Willis [Fran Moses] encabeça esse elenco, no papel de um agente da CIA reformado que bem podia ser o envelhecido John McClane de Die Hard. Frank Moses combate a solidão rasgando os cheques da Segurança Social para assim ter desculpas para telefonar à sua Assistente Social [Mary-Louise Parker] , personagem aborrecida com a monotonia da sua vida quotidiana fantasiando aventuras com mais adrenalina do que o seu trabalho administrativo…
Até aqui nada de novo …
Depois o desenrolar habitual deste tipo de enredo. O passado regressa, há golpes de defesa pessoal, explosões de casas, … Para se proteger a si e à sua amada-para-ser, Frank regressa ao activo..
Até aqui nada de novo ….
Há cenas cómicas de mal-entendidos nos primeiros encontros entre os amados-para-ser, há perseguições de carros, há carros a rodopiarem à distância milimétrica das pernas de Frank enquanto este dispara,… Há reencontros com velhos amigos (o lunático John Malkovich e malandro Morgan Freeman) antigos colegas à espera de se desaborrecerem da sua vida de reformado. Há conversas de espiões russos, há assalto ao quartel –general da CIA… a fantasia de um filme de acção está lá toda
Até aqui nada de novo! E depois? Depois uma verdadeira dama junta-se à pandilha… Por debaixo dos seus muito britânicos hábitos de servir chá e bolos e cuidar das suas rosas, uma arma escondida. E só Helen Mirren para, com a sua fleuma britânica, afirmar I kill people dear.
E a verdadeira acção passa a estar centrada nela, no seu glamour, no requinte com que constrói a personagem de uma assassina altamente treinada que colocou sempre o serviço à frente da sua vida pessoal sacrificando o seu amor por um espião russo. A elegância de Helen Mirren denota bem o seu profssionalismo.
RED é um filme leve de entretenimento por se adivinhar o bom gozo que actores consagrados devem ter tido ao fazê-lo. E ao perpassarem esse sentimento para fora da tela quem ganham são os espectadores.
terça-feira, 15 de junho de 2010
Um funeral que não se realiza

A originalidade não está necessariamente naquilo que de novo se traz mas muitas vezes na forma como se conjugam ideias de outros. Neste caso, o filme começa por ser uma espécie de adaptação à realidade portuguesa: a acção é transposta para a Covilhã e para a sua mística vida universitária. È interessante o regresso a terras beirãs de quem se construiu, no tempo pós-universitário, a partir de Lisboa ou do Porto.
O desenho da estrutura narrativa é o adequado: o reencontro de velhos amigos pontuado por flashbacks de memórias. Mas por vezes a atenção dada a essas ramificações é tanta que se excede (é exagerada a cena, no hospital, de Marco e um miúdo com febre para apenas se concluir que João – o amigo defunto - lhe dirá que ele será no futuro um bom pai). Outras vezes [a estrutura narrativa] perde-se por não explorar linhas caracterizadoras do tempo de descoberta e de excessos das personagens: o caso mais flagrante é a experiência semi-lésbica de Diana que fica pelo ar sem ser aprofundada ao contrário da relação Rui/Vasco. Tantos avanços e recuos e alguns momentos empastelados (a atenção exagerada ao melindre causado por André acerca da relação homossexual de Rui e Vasco é bem exemplo disso) fazem com que o filme não consiga dosear os seus ritmos narrativos e balancear a importância dos seus momentos fazendo que não ganhe verdadeiro folêgo e não impedindo, assim, que as quase duas horas sejam por vezes aborrecidas. Salvam-se as cenas com Joaquim Nicolau (no papel de taxista furioso por lhe terem vomitado o carro) e de Adelaide João (no papel de beata exageradamente zelosa dos alunos a quem aluga quartos). Dois secundários a cumprirem bastante bem os seus papéis.
Restam as alusões cinematográficas: um piscar de olhos ao momento mágico de Singing in the Rain e uma brevíssima alusão ao final de Casablanca (Isto pode ser o início de uma grande amizade) mas até estas, sobretudo a última, são mal exploradas.
O público português merece a reconciliação com cinema português. E é de louvar esta iniciativa de produção de um grupo de amigos, feita sem apoios financeiros privado ou estatal. Pena é que este funeral nunca chegue a realizar-se como filme.
sexta-feira, 5 de março de 2010
Calma perturbadora (ou Das impressões de 'Os Esquecidos' de Pedro Neves)

Há algo de perturbadoramente calmo naquela cena final. O fim do dia impõe-se sobre o rio Douro vendo-se ao fundo o turístico postal do conjunto Serra do Pilar – ponte Luís I.
A câmara abre horizonte e a cidade vai aparecendo. È estranho este mundo realizado por Pedro Neves. Sabe-se (saberemos?) que não fica muito longe dali…basta seguir para nascente até àquela bandeira portuguesa rasgada pelo vento. Está pois muito próximo, demasiado próximo para o esquecermos. Afinal não dista mais do que alguns metros para o alcançarmos. É vizinho das nossas casas. E com esse gesto banal de pentear o cabelo, abre-se um convite a partilharmos a sua intimidade.
É uma história de amor. Do amor em forma de memória de Zé Luís pelo seu pai … Do amor de Alexandre pelos pais apesar da tristeza de não ter dinheiro para os levar a jantar fora no dia do seu aniversário. Do Albino que conheceu Helena numa festa de S. João. Do não abandono de Candidinha por Elísio mesmo que aquela tenha problemas de saúde que o impossibilitam de se afastar muito. Do amor retratado em actos de cumplicidade: no gesto de calçar as meias à esposa e de lhe fazer o almoço. «Se não fosse eu, ela morria aí ao desmazelo». A partir desse amor em gestos – aparentemente – simples, os lembrados revelam-nos a sua intimidade. «Estou a falar verdade. Mostro o que tenho».
«È o século XXI em Portugal». Do «veneno» [droga?!] que consome os filhos. Do alcoolismo. Onde há analfabetismo. Onde os sonhos não vão muito para lá das chamas da fogueira daquela casa que tem como tecto o céu aberto. Este é um mundo onde as paredes se esboroam ao também simples gesto de passar a mão. Onde o frio tudo encolhe. Onde a chuva e o vento impõem silêncios escuros. Onde há quem chore. Um mundo a quem ninguém quer deitar a mão. «Pelo contrário, até gostam de ver a miséria». Onde só parece chegar a fé num qualquer Deus ou numa qualquer santa.
Há algo de calmamente perturbador naquela manhã que nasce sobre a cidade. Há quem sinta vaidade ao arranjar-se. Há quem se auto-nomeie «gestor de felicidade». Há quem veja coragem. Há quem não se deixe ensurdecer pelos automóveis nas vias rápidas. Há quem vá a esse mundo, com um olhar cru, para soltar gritos de atenção.