O filme, dizem-nos, procura reconciliar o público português com o cinema português. Tenta fazê-lo através de uma história de amizade iniciada nos tempos de frequência universitária, e do reencontro de velhos amigos num funeral de um deles. O argumento não traz em si nada de novo. Relembra os Amigos de Alex de Lawrence Kasdan (1983) e os encontros de A Residência Espanhola de Cédric Klapisch (de 2002).
A originalidade não está necessariamente naquilo que de novo se traz mas muitas vezes na forma como se conjugam ideias de outros. Neste caso, o filme começa por ser uma espécie de adaptação à realidade portuguesa: a acção é transposta para a Covilhã e para a sua mística vida universitária. È interessante o regresso a terras beirãs de quem se construiu, no tempo pós-universitário, a partir de Lisboa ou do Porto.
O desenho da estrutura narrativa é o adequado: o reencontro de velhos amigos pontuado por flashbacks de memórias. Mas por vezes a atenção dada a essas ramificações é tanta que se excede (é exagerada a cena, no hospital, de Marco e um miúdo com febre para apenas se concluir que João – o amigo defunto - lhe dirá que ele será no futuro um bom pai). Outras vezes [a estrutura narrativa] perde-se por não explorar linhas caracterizadoras do tempo de descoberta e de excessos das personagens: o caso mais flagrante é a experiência semi-lésbica de Diana que fica pelo ar sem ser aprofundada ao contrário da relação Rui/Vasco. Tantos avanços e recuos e alguns momentos empastelados (a atenção exagerada ao melindre causado por André acerca da relação homossexual de Rui e Vasco é bem exemplo disso) fazem com que o filme não consiga dosear os seus ritmos narrativos e balancear a importância dos seus momentos fazendo que não ganhe verdadeiro folêgo e não impedindo, assim, que as quase duas horas sejam por vezes aborrecidas. Salvam-se as cenas com Joaquim Nicolau (no papel de taxista furioso por lhe terem vomitado o carro) e de Adelaide João (no papel de beata exageradamente zelosa dos alunos a quem aluga quartos). Dois secundários a cumprirem bastante bem os seus papéis.
A originalidade não está necessariamente naquilo que de novo se traz mas muitas vezes na forma como se conjugam ideias de outros. Neste caso, o filme começa por ser uma espécie de adaptação à realidade portuguesa: a acção é transposta para a Covilhã e para a sua mística vida universitária. È interessante o regresso a terras beirãs de quem se construiu, no tempo pós-universitário, a partir de Lisboa ou do Porto.
O desenho da estrutura narrativa é o adequado: o reencontro de velhos amigos pontuado por flashbacks de memórias. Mas por vezes a atenção dada a essas ramificações é tanta que se excede (é exagerada a cena, no hospital, de Marco e um miúdo com febre para apenas se concluir que João – o amigo defunto - lhe dirá que ele será no futuro um bom pai). Outras vezes [a estrutura narrativa] perde-se por não explorar linhas caracterizadoras do tempo de descoberta e de excessos das personagens: o caso mais flagrante é a experiência semi-lésbica de Diana que fica pelo ar sem ser aprofundada ao contrário da relação Rui/Vasco. Tantos avanços e recuos e alguns momentos empastelados (a atenção exagerada ao melindre causado por André acerca da relação homossexual de Rui e Vasco é bem exemplo disso) fazem com que o filme não consiga dosear os seus ritmos narrativos e balancear a importância dos seus momentos fazendo que não ganhe verdadeiro folêgo e não impedindo, assim, que as quase duas horas sejam por vezes aborrecidas. Salvam-se as cenas com Joaquim Nicolau (no papel de taxista furioso por lhe terem vomitado o carro) e de Adelaide João (no papel de beata exageradamente zelosa dos alunos a quem aluga quartos). Dois secundários a cumprirem bastante bem os seus papéis.
Perpassa, também, uma espécie de limbo: de João, o amigo morto (de quem não se chega a explorar originalidade de como um colega apagado era a o factor de união do grupo); dos actores que não conseguem soltar as suas personagens. (Hugo Tavares, por exemplo, nunca consegue soltar o ‘seu’ professor Zé e o seu dilema entre a vida boémia de universitário e a responsabilidade do tempo presente).
Restam as alusões cinematográficas: um piscar de olhos ao momento mágico de Singing in the Rain e uma brevíssima alusão ao final de Casablanca (Isto pode ser o início de uma grande amizade) mas até estas, sobretudo a última, são mal exploradas.
O público português merece a reconciliação com cinema português. E é de louvar esta iniciativa de produção de um grupo de amigos, feita sem apoios financeiros privado ou estatal. Pena é que este funeral nunca chegue a realizar-se como filme.
Restam as alusões cinematográficas: um piscar de olhos ao momento mágico de Singing in the Rain e uma brevíssima alusão ao final de Casablanca (Isto pode ser o início de uma grande amizade) mas até estas, sobretudo a última, são mal exploradas.
O público português merece a reconciliação com cinema português. E é de louvar esta iniciativa de produção de um grupo de amigos, feita sem apoios financeiros privado ou estatal. Pena é que este funeral nunca chegue a realizar-se como filme.
1 comentário:
Não sou Cineasta, nem coisa que se pareça. Mas gosto da ideia do cinema português. Haja quem o desenvolva!...Assim, o espaço, ficará ocupado e o funeral... pode ser que se realize.
Será por este motivo que tenta esquivar-se de uma Amizade que o persegue?
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