Um grão de semente contém em si os princípios de uma dupla viagem: da raíz que se fundamenta na terra, do tronco que conquista o céu. Uma mão sobre uma folha de papel vazia procura o encontro nesses espaços em branco...

quinta-feira, 28 de abril de 2011

Transfonias

O que faço para que isto não me doa tanto? Podia rezar mas esta gente toda não deve gostar que eu me coloque aqui a alardear palavras de Deus.


Agora caíram as moscas na sopa! Fujam! Fujam! Ou coloquem-se em cima dos bancos. Que tolos somos quando nos distraímos com miudezas. E a confusão instalou-se…


- Que moura de trabalho sou eu… A chave! A chave! O dinheiro! O dinheiro!


E depois dormimos…em sobressaltos. O inconsciente também não nos liberta. Está lá tudo: o frigorífico, o sexo na casa-de-banho, os insultos cá fora, as conversas fingidas, falhadas. E o corpo às voltas naquela antiga casa. Levanto-me para tocar o interruptor. São 2h29 e afinal toda aquela luz me incomoda.


- Tim Burton’s Vicent featuring edgar allan poe’s the raven


Depois durmo a correr. Depois levanto-me e vou – cansado – correr. Do forte S. João Baptista ao Parque da Cidade e volta. E gosto daquele corredor que me ultrapassa com aquele seu bom Bom dia!. Tento segui-lo mas não aguento muito o seu ritmo.


E depois regresso. E lá voltamos ao mesmo. Mais do mesmo. Mais de NADA.


E ali? Ali o vazio. O equilíbrio já era ténue e o pé começa agora a falhar.


- Também acho que era importante. Bla bla bla. E se fossemos comer?


E a confusão instalou-se novamente.


- Isto é horrível!! Aranhas na sopa?!. Já não me lembro bem.


A que horas é que apanhamos o comboio, pergunta-me ela enquanto se veste.


E eu ando tão distraído que nem me relaciono do Homem-Estátua.


E os ponteiros continuam ...


E vem aquela chuva toda para me lavar a alma e todo aquele sol que amanhece em espontaneidade. E iniciei por ajudar o homem-bêbado a levantar-se do chão.